As pesquisas sobre o ensino de Sociologia: entrevista com Amaury Cesar Moraes

Divulgamos a entrevista concedida por Amaury Cesar Moraes e recém publicada na Revista Café com Sociologia. A mesma foi realizada por Cristiano das Neves Bodart, vice-presidente da ABECS.
As pesquisas sobre o ensino de Sociologia: entrevista com Amaury Cesar Moraes
Amaury Cesar Moraes construiu toda a sua trajetória formativa na Universidade de São Paulo (USP), onde cursou graduação em Filosofia (1989) e Ciências Sociais (1980), mestrado em Ciência Política (1991) e doutorado em Educação (1997). Em 1997 tornou-se docente de metodologia do Ensino de Ciências Sociais nessa mesma instituição, onde atua desde então.
Amaury Cesar Moraes dedica-se, como pesquisador, ao ensino de Sociologia desde 1999, quando publicou seu primeiro artigo sobre esse tema intitulado “Por que sociologia e filosofia no ensino médio?”. Desde então, produziu diversos outros estudos, muitos dos quais tornaram-se referência, destacando-se a coletânea “Sociologia” (2010) financiada pelo Ministério da Educação e distribuída nas escolas públicas de todo o país, e “Licenciatura em Ciências Sociais e ensino de Sociologia: entre o balanço e o relato” (2003). Como destacaram Bodart e Tavares (2018), Moraes é o autor mais referenciado em artigos sobre ensino de Sociologia publicados em revistas de estratos superiores na área de Sociologia. Trata-se de um pesquisador com sólida trajetória de luta pela inclusão e permanência da Sociologia no Ensino Médio que remonta aos anos anteriores a reintrodução gradativa da Sociologia nos estados brasileiros, entre os anos de 1980 e 2000. Nesta entrevista Moraes responde algumas questões que nos ajuda avaliar a situação atual das pesquisas sobre o ensino de Sociologia.
Revista Café com Sociologia: As pesquisas recentes vêm apontando para um avanço quantitativo da produção de teses, dissertações e artigos sobre o ensino de Sociologia. Como avalia esse avanço?
Amaury César Moraes: Esse avanço é importante, pois recorrendo a uma fórmula cunhada por Marx e Engels, da quantidade gera-se a qualidade. Essa quantidade tem também um sentido positivo porque representa um espraiamento das pesquisas, uma desconcentração, em que hoje tempos mais unidades da federação contempladas, o que pode trazer também uma representatividade mais extensa da realidade do ensino de Sociologia nas escolas brasileiras. Talvez seja o caso de haver, desde já, textos de pesquisa secundária que tomem essas pesquisas primárias como matéria prima e se possa traçar tendências e sínteses informativas e daí resultar diretrizes para novas pesquisas.
Revista Café com Sociologia: Se avançamos na volume, também temos avançado na variedade de temas abordados?
Amaury César Moraes: Sim. Avançamos também no que diz respeito aos temas, também desconcentrando do histórico-legitimador para uma variedade que demonstraT o interesse mais amplo da comunidade; não se restringindo a uma expectativa de institucionalização (legitimação) a partir de uma historicização da disciplina. O que não significa que ainda não restem equívocos repetidos ad nauseam sobre esse histórico (datando a Reforma de Benjamim Constant, em 1891, quando o decreto é de 1890; além da sempre recorrente justificação da retirada da Sociologia dos currículos por conta de um viés ideológico…).
Excelente entrevista! É sempre bom ler o professor Amaury.