Breve experiência didática: o beijo como fato social

O fato social e meu segundo beijo
Marcel Vidal de Albuquerque*
Resumo do projeto/atividade:
Na terceira aula do 1º bimestre de 2018, em turmas do 1º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Roberto Montenegro, bem como no Colégio Jean Piaget e Centro Educacional de Mambucaba (localizados em Angra dos Reis e Paraty, respectivamente), com a finalidade de entenderem a abordagem funcionalista, a qual defende que o Fato Social é uma norma presente na consciência coletiva, introjetada nos indivíduos devido ao constrangimento social promovido pelas instituições, narrei uma experiência pessoal para que os alunos percebessem que a Sociologia abarca suas vidas. Para isso, dividi a atividade em:
Segue a narrativa, reproduzida na íntegra como o foi pessoalmente:
Máquina do tempo. Agora é 2005. Recebo um scrap (rs) no finado Orkut. Pra minha surpresa, é Vanessa II. Ela pede meu MSN (já vieram Whatsapp e Telegram, sim, tô ficando velho). Eis que sua primeira mensagem é uma interrogação que mais parecia exclamação: ‘É verdade que você espalhou que eu não sabia beijar?’ Aos 18, reconheci e quebrei o mito de que crianças não podem ser cruéis. O causo pré-Orkut serve para entender o conceito de FATO SOCIAL, de Durkheim: 1. Há normas compartilhadas do que é o beijo, não era apenas eu quem achava que o beijo não deve ser babado. Meu desgosto não foi solitário. 2. Quando Vanessa e eu nascemos, aliás, já havia noções do que era um beijo bom. 4. Ninguém falou pra Vanessa que o beijo deve conter movimentos rotatórios não totalmente uniformes da língua, com aproximadamente 3 cm adentrando a boca, cuja temperatura deve estar em torno de 37º C. Muito do que sabemos e fazemos, nos é ensinado de forma implícita. Por mais terrível que seja, ela aprendeu a beijar por conta do constrangimento a que foi submetida.
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Objetivo da atividade:
Assimilação e apropriação da teoria do Fato Social, de Durkheim. |
Público alvo:
1º Ano do Ensino Médio |
Metodologia da atividade:
Relatos pessoais sobre primeiros beijos (meu e dos alunos), o que possibilita criar vínculo pessoal tanto quanto perceber que a Sociologia trata também de hábitos cotidianos. |
Materiais necessários:
Projetor para exibição de cena do filme “Meu Primeiro Amor”; exposição teórica em quadro; roda de conversa para relatos; avaliação por meio de artigo jornalístico seguido de perguntas que associavam-no à teoria do Fato Social. |
Duração da atividade:
1 aula: 100 minutos |
Resultados esperados/atingidos:
Ao se apropriarem dos elementos que caracterizam o Fato Social (generalidade, exterioridade, anterioridade e coercitividade), fizeram atividade escrita com perguntas sobre outra prática de suas rotinas, vinculada à educação familiar e à moral, não com a finalidade de exporem juízos de valor, mas serem capazes de descrever um fenômenos à luz do paradigma funcionalista. |
Referências:
Durkheim, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Martins Fontes, 2003. __________. A educação moral. Petrópolis, Vozes, 2008. __________. Lições de sociologia. São Paulo, Martins Fontes, 2002. |
*Marcel é graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, onde também adquiriu título de mestre em Ciência Política. Professor desde 2012, tem experiências diversas: lecionou Sociologia no Fundamental, EJA, colégio para atletas das categorias de base do Vasco da Gama, escolas de ensino confessional, Fundamentos das Ciências Sociais na Universidade Federal de Alagoas e hoje ocupa-se com o Ensino Médio na rede pública e privada e pré-vestibular, um deles de caráter social em uma praça pública no município de Angra dos Reis: o Pré na Praça. É, também, idealizador de um projeto que associa sempre casos práticos às teorias abordadas na Escola pelas diversas matérias, com vistas ao ENEM: o P(r)é no Chão.