Nossa história
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HISTÓRICO ABECS

A luta pela presença curricular da área de ciências sociais na educação básica aproximou pessoas. O cenário aberto pela LDB 9394/96 reorganizou a comunidade acadêmica, sindical e estudantil na defesa da obrigatoriedade do ensino de sociologia no ensino médio. Depois de intensa mobilização e a criação de um projeto de Lei do Deputado Padre Roque Grazziotin (PT/PR), tivemos um revés a partir do veto do presidente Fernando Henrique Cardoso, professor aposentado de sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

 

Com a troca de governo a partir de 2003, diversos segmentos se remobilizaram pela presença curricular da sociologia no ensino médio. A partir do Parecer 38/2006, emitido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), as disciplinas de sociologia e filosofia foram indicadas em caráter obrigatório no ensino médio das escolas brasileiras.

 

Diante de algumas controvérsias em relação à abrangência de um Parecer do CNE, notadamente diante das posições políticas do Governo do Estado de São Paulo, foi construída as condições políticas para a Lei 11.684 de 2 de junho de 2008, que modificou o artigo 36 da LDB/1996. Assim, a chamada “Lei da Obrigatoriedade” encaminhou a questão e sinalizou para a introdução de carga horária das disciplinas de sociologia e filosofia nos três anos do ensino médio.

 

A legalidade estava conquistada, mas o desafio da legitimidade estava colocado. Ainda que contasse com o trabalho sério e dedicado de um grupo de professores universitários da área de ciências sociais, a realidade apontava para uma certa “invisibilidade” do debate sobre o ensino de sociologia na escola nos departamentos de sociologia, antropologia e ciência política. Fora isso, uma concepção estreita de formação acadêmica parecia continuar criando hierarquias entre os cursos de bacharelado e licenciatura, fomentando a dicotomia entre ensino e pesquisa.

 

Mesmo com alguns avanços provenientes da luta de setores universitários no âmbito de entidades acadêmicas, como a Sociedade Brasileira de Sociologia, os espaços de discussão e produção de conhecimento sobre didática, currículo e formação docente ainda se encontravam marginalizados na maioria de nossas universidades e em eventos acadêmicos científicos das áreas de ciências sociais e educação.

 

Diante desse canário, alguns professores, antigos alunos que haviam concluído sua graduação na licenciatura em ciências sociais durante o contexto pós-Parecer 38/2006 do CNE e a Lei 11.684/2008, começam a chegar às escolas. Mesmo convivendo com muitas contradições dos sistemas de ensino, esse colegas passaram a demandar formação continuada e cursos de pós-graduação com ênfase na discussão sobre ensino escolar da área de ciências sociais. Além disso, pressionaram por sua participação em eventos acadêmicos que, historicamente, em que pese sua importância, apenas acolhiam trabalhos de professores e pesquisadores com a titulação mínima de mestre, como os eventos da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS).

 

Esse sentimento passou a ser compartilhado por professores universitários ligados diretamente às licenciaturas, potencializando a criação de espaços inovadores de debate e produção do conhecimento. As tensões internas em associações acadêmicas não apontavam para uma solução que implicasse ampliação participativa e inclusiva. Era necessária a construção de um outro espaço acadêmico, político e culturalprofissional.

 

Desta discussão virtual, mas absolutamente real e embasada no cotidiano escolar e universitário, surgiu, em 2011, um manifesto pró-criação da Sociedade Brasileira de Ensino de Ciências Sociais, provocado por um email-convite de Flávio Sarandy a cerca de 20 colegas, sugerindo que se lançasse a proposta pública de uma nova associação. O manifesto, desde o princípio buscando articular os saberes escolares e acadêmicos, não reproduzindo falsas hierarquias entre professores e pesquisadores, levou à criação de um grupo virtual com a participação de mais de 350 pessoas (com cerca de 80 bastante atuantes em trocas de mensagens diárias), onde as bases da associação foram erigidas, inclusive o seu estatuto e nome. Nesse sentido, apostando na utilização da internet como espaço de comunicação e interação, tendo em vista as proporções continentais do Brasil e a intensificação do trabalho docente em todos os níveis, foi construída uma lista virtual de discussão com professores e estudantes de graduação e pós-graduação de todo o país. O momento histórico exigia uma nova organização científica, descentralizada, atual e com foco específico nas questões que envolvem o ensino da área de ciências sociais em todos os seus níveis e, em especial, no ensino médio.

 

A partir da crescente adesão de colegas dos mais diferentes cantos do Brasil, foi construída a assembleia de fundação da nova entidade. O lugar foi definido no Colégio Pedro II, um dos primeiros estabelecimentos do país a ofertar sociologia escolar.

 

Assim, no dia 11 de maio de 2012, na unidade Humaitá do Colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundada a Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais – ABECS. A nova entidade já nasce com a marca do colóquio, do espaço do contraditório e do respeito às diferentes opiniões.

 

Em sua primeira assembleia foi discutido e aprovado o seu primeiro Estatuto e construída a primeira diretoria pro tempore, que ficou responsável por organizar formalmente a entidade até o I Congresso Nacional que seria realizado em 2013.

 

Cumprindo as deliberações da assembleia de 11 de maio de 2012, foi realizado de 26 a 28 de abril de 2013, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o I Congresso Nacional da ABECS. Sintomático do compromisso da ABECS, este congresso, a exemplo da assembleia de fundação, foi realizado em uma escola (Colégio de Aplicação da UFS). Cerca de 250 pessoas compareceram ao evento que democratizou espaços, enfrentou questões concretas da área e estimulou a construção do conhecimento partindo do “chão da escola”.

 

Na assembleia geral realizada durante o I Congresso Nacional, foi eleita a primeira diretoria efetiva da ABECS para o mandato 2013-2016. Certamente, uma entidade nacional não nasce pronta e são inúmeros os desafios para seu efetivo crescimento. Contudo, cientes de que a ABECS é um projeto coletivo fundamental para o desenvolvimento da área de ensino de ciências sociais, não podemos renunciar ao compromisso histórico de qualificar o ensino de sociologia na educação básica, a licenciatura no âmbito acadêmico e o próprio sistema de educação escolar brasileiro.

 

A ABECS não se coloca em disputa com qualquer entidade sindical ou científica, mas buscará agregar esforços para que a disciplina de sociologia, representativa do campo acadêmico das ciências sociais, se legitime no contexto escolar, combatendo severamente retrocessos de exclusão curricular.

 

Endereço:

UE São Cristóvão III

Sala do Departamento de Sociologia

São Cristóvão, Rio de Janeiro/RJ

CEP: 20.921-440

 

CNPJ: 19.340.922/0001-76

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